plural

PLURAL: os textos de Suelen Aires Gonçalves e Silvana Maldaner

  • Pela vida das mulheres e das crianças
    Suelen Aires Gonçalves
    Socióloga e professora universitária

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    Nossa coluna de hoje é dedicada à celebração da aprovação do PL 95/2020 que prevê o abrigamento e acolhimento emergencial de mulheres e seus dependentes, vítimas de violência doméstica, durante a pandemia pela Assembleia Legislativa na terça (06). E de um alerta: contamos com 48 votos favoráveis, um voto contrário do deputado Mateus Wesp (líder do PSDB) e quatro abstenções. Eis os nobres deputados: Eric Lins (DEM), Sergio Peres (Republicanos), Fabio Ostermann (Novo) e Giuseppe Riasgo (NOVO), sendo o último citado da nossa querida Santa Maria. Gravem estes nomes! Quatro homens brancos, inimigos das mulheres e das meninas gaúchas. Filhos saudáveis do patriarcado e do racismo estrutural , síntese da velha política de representação pífia de homens no poder em uma sociedade marcadamente desigual como a brasileira.

    A violência e os crimes contra a vida das meninas e mulheres é uma constante na realidade brasileira e precisamos denominá-la. Ela é fruto das relações de poder construídas historicamente em que homens acreditam que sua humanidade é maior do que as mulheres. No entanto, desde o golpe misógino contra a presidenta Dilma em 2016, as conquistas legais e vinculadas às políticas públicas para as mulheres foram alvo permanente das ações das forças reacionárias, com maior ênfase após ascensão do presidente atual, em 2018. No Rio Grande do Sul, da mesma forma, com o fim da Secretaria de Políticas para as Mulheres, se foram também os recursos públicos e os programas vinculados à garantia de nossos direitos humanos.

    Diante do cenário caótico em relação à vida das mulheres, em 2019, através da Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa, foi instituída a Força-Tarefa de Combate aos Feminicídios, como forma de buscar alternativas para enfrentar a morte de mulheres e violência no RS. 

    Mesmo antes da pandemia do coronavírus, em 2019, o Rio Grande do Sul foi o terceiro Estado que mais matou mulheres no Brasil. Em 2020, o RS ficou em quarto lugar em feminicídio. Desta forma, inspiradas pelas recomendações internacionais de Direitos Humanos, foi produzido o Projeto de Lei, nº 95/2020, de autoria do deputado Jeferson Fernandes, que prevê o abrigamento e acolhimento emergencial de mulheres e seus dependentes. O objetivo é atender as vítimas de violência doméstica, durante a pandemia, dando caráter de essencialidade a estas políticas públicas, tentando frear de forma paliativa o crescimento da violência intrafamiliar, que se tornou uma mazela mundial ainda maior, onde vítimas foram obrigadas à convivência permanente com agressores, em virtude do isolamento social.

    Em defesa da vida e da dignidade das mulheres e crianças, e em nome das 47 mulheres mortas no RS neste ano de 2021, sanciona já, Eduardo Leite.

    Frases soltas que deveriam ser presas
    Silvana Maldaner
    Editora de revista

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    Nem tudo que reluz é ouro. Nem toda a primeira impressão é verdadeira. Quantas narrativas são construídas ou desconstruídas? Quantos discursos foram manipulados com frases interrompidas e tiradas do contexto? Quem nunca julgou e depois se arrependeu, pois viu uma fração apenas ou um ângulo sinuoso, sugestivo, indutivo. Todos os dias recebemos informações, muitas vezes, já interpretadas. 

    A palavra tem poder. A palavra falada ou escrita emana energia, crenças e sugestionamentos. A própria Bíblia Sagrada, escrita há mais de 2 mil anos, relata no Velho Testamento que, na origem do mundo, o verbo se fez carne. A mesma palavra pode criar ou destruir.

    Já refletiram se pudéssemos engolir nossas palavras, seríamos saudáveis ou tóxicos? 

    Qual o pior veneno? O que ingerimos ou o que lançamos pela nossa palavra? Para quem estuda além das aparências sabe que a energia ruim não vem de fora, mas daquela conectada com a própria energia da pessoa. Aquilo que liga dentro de cada um. Seja amor, tolerância, humildade, bênçãos ou ódio, raiva, inveja e destruição do que não vem de si.

    Joseph Goebbels era ministro da propaganda do governo alemão nazista. Um gênio. Em seus discursos bem pensados e com muita astúcia, desenvolvia grande poder de oratória e inteligência emocional. Era comedido, falava bonito e possuía grande engajamento, comovendo e motivando multidões na época auge do nazismo de 1933 a 1945.

    Segundo ele próprio dizia, uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Seus feitos e sua lógica de convencimento renderam livros e filmes. Acredita-se que a grande escola do marketing tenha iniciado neste período. O poder da propaganda é incrível. Tanto para o bem quanto para o mal. 

    A propaganda política por exemplo, utiliza muito o desvio da atenção para assuntos polêmicos. Cria notícias, fatos especulativos, ou simplesmente recorta falas dos adversários, tirando do contexto para eliminar e destruir com a imagem dos desafetos ou para se promover em cima deles. O efeito manada é espetacular. As pessoas, quando impactadas pelas meias verdades, tomam as dores para si e replicam as falácias oportunistas.

    Mas a verdade é universal. Um dia ela vem à tona. Segundo as crenças hindus, nada acontece por acaso. Nenhuma folha cai antes do tempo e até as grandes desgraças são necessárias para um despertar individual e coletivo. 

    Gostaria, neste momento, que nosso povo brasileiro pudesse ser livre para ler o livro inteiro e não apenas as partes grifadas pela interpretação dos outros. As frases soltas precisam ser presas num contexto real, e não no imaginário criado.


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